Retrato
Exilado na minha total ignorância Sigo a trajetória da vida, Desenvolvida na fé dos meus atos, Relapsos e desarticulados, Como em vago chão. O sapato doado e de um Número menor me aperta os calos, Sorrisos e lágrimas Mancham minhas roupas, Compradas no brechó da avenida. A gravata esconde o que no colarinho A ambientada traça corroeu, E a cueca esgarçada me lembra Que nascer pobre e com pouca sorte Não é bom, é um grande desaforo. O meu olhar cansado pela idade, Embaça as cores dos outdoors, Meu sabor tem gosto de nada, O tato sonolento é trêmulo, E a coluna enverga, no avançar dos dias. Os passos cansados tomam O rumo da última jornada E eu só queria hoje é que Tudo viesse até mim. To aqui, To à toa, Parado, sentado, Olhando pro nada. Ainda bem que tem um ventinho.