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Mostrando postagens de fevereiro, 2011

Retrato

Exilado na minha total ignorância Sigo a trajetória da vida, Desenvolvida na fé dos meus atos, Relapsos e desarticulados, Como em vago chão. O sapato doado e de um Número menor me aperta os calos, Sorrisos e lágrimas Mancham minhas roupas, Compradas no brechó da avenida. A gravata esconde o que no colarinho A ambientada traça corroeu, E a cueca esgarçada me lembra Que nascer pobre e com pouca sorte Não é bom, é um grande desaforo. O meu olhar cansado pela idade, Embaça as cores dos outdoors, Meu sabor tem gosto de nada, O tato sonolento é trêmulo, E a coluna enverga, no avançar dos dias. Os passos cansados tomam O rumo da última jornada E eu só queria hoje é que Tudo viesse até mim. To aqui, To à toa, Parado, sentado, Olhando pro nada. Ainda bem que tem um ventinho.

Noite III

Eu gosto da noite, Mas não pela escuridão que nela transita, Como muitos imaginam. Gosto da noite, porque somente nela É possível observar a beleza da lua. Fascina-me o contraste criado pela luz Ao adentrar a escuridão. Extasio-me ao perceber que a escuridão Cede   aos passos claros da luz. E vencida, se encolhe nos cantos das casas, Nas quebradas das ruas, Embaixo das árvores. Como teme a escuridão, a luz da lua, Que tão meiga e serena avança. Outro dia, percebi que ela cantarolava Uma canção de amor, Ao passo que vencia a escuridão. Eu sou como ela, Sigo sorrindo e cantarolando, Ao mesmo tempo em que venço A minha escuridão, Sem que ninguém compreenda esse domínio.

Noite ll

O avançar da noite é um encanto Não é a escuridão que fascina, E sim, o frescor do corpo despido, Inerte no gotejar do silêncio. Somente a noite é possível sondar as estrelas, Faiscantes e jubilosas da sua existência. Traços leves e hipnotizados se levantam Ao platinado olhar da lua. Já não é preciso apressar, A corrente sanguínea desacelera E o análogo respirar se funde As nuvens dos sonhos. Muitos, porém, optam pelos olhos fechados, Sem luz da lua e das estrelas Olhos com brilhos improvisados, Do descontínuo desejo de sonhar. Sonhos de brilhar como a lua, Esplendoroso e vespertino equívoco. É preciso viver para sonhar.

Como estações

Arranquei o amor nas tempestades de inverno, nos dias exaustivos de dor e distanciamento, um clima suave, q uase superação. Mas no desabrochar da primavera, as negras nuvens dissiparam, derreteu o gelo, u medeceu o coração. Dia quente. Dia de verão. Foi ao entardecer.  Inexplicável espanto. Aconteceu. Do lado  mais fértil do coração, àquele amor tão conhecido, q'eu jurava ter esquecido, cresceu, tomou espaço. É outono. Em meio às brasas, este sentimento, vaga com o pensamento, busca alcançar o amor. Mas a muito é partido, em caminho construído. Peraí...  alcanço... Com os olhos!!!

Noite

Quando a noite chega Não vem sozinha Trás como companhia A lua, as estrela... O silêncio das ruas A escuridão e os lampejos Trás o clamor da solidão O cansaço da insônia Vagueiam na noite os pirilampos Apenas o vento entoa uma canção Que embala os sonhos e refresca a alma Durma noite Sonhe noite Descanse noite Dure a eternidade das horas Neste dia de hoje Enquanto o raiar da manhã não chega Muitos sonhos não se realizarão Nesta nova manhã No entanto Logo vem o fim De mais uma tarde Que para os apreciadores De uma bela e misteriosa noite É o recomeço de uma nova aventura