Conto:  Cristais

      Esta é uma história de Cristais. Há poucos quilômetros de uma cidadezinha do interior de São Paulo, existe um lindo lugar. Este lugar é o retrato que mais perto se assemelha a um paraíso. Paraíso de pequenas pedras preciosas.
      Com o passar do tempo, essas pedras foram modeladas, esculpidas, talhadas como arte, por qualquer força maior que delas se aproximassem e  por anos ininterruptos as pedras ficaram a mercê destas forças. Eram chuvas mansas, tempestades, garoas frias como o inverno ou quentes como as noites de verão. Num determinado tempo, essas pedras sentiram necessidade de ofuscar o mundo com seus brilhos magníficos, e cada qual tomou uma direção.
       Existia também, neste lugar que mais perto se assemelhava de um paraíso, dois magníficos sustentáculos. Eram dois suportes aparentemente frágeis, mas que viram com seus olhos, as pedras se tornarem cada vez mais preciosas, à medida que se tornavam únicas. E cada uma, passou a simbolizar um valor no mundo.
      No entanto, sempre que algum vento, forte ou tranquilo trazia estas pedras de volta àquele lugar que mais perto se assemelhava de um paraíso, por algum motivo algo de estranho acontecia. Tal era a imensidão de valores e brilhantismos que cada qual reproduzia, que elas não conseguiam permanecer juntas  por muito tempo alojadas no mesmo lugar, sempre aconteciam coisas que as faziam se estranhar, e buscar distanciamento uma das outras.
      E aquele lugar, que de tão lindo era o que mais de perto se assemelhava a um paraíso passou a ficar pequeno demais para todas aquelas pedras. E um dia, talvez o mais escuro daquele lugar que mais se assemelhava a um paraíso, os dois sustentáculos descobriram o que na verdade nunca quiseram ver. Descobriram que as pedras preciosas enganavam com seus brilhos ofuscantes, mas nunca chegaram a ser diamantes, eram apenas sete cristais, tão frágeis quanto às tardes quentes do outono, que logo são invadidas pelas noites frias e ventosas. Descobriram então, que depois de longos anos, um simples vento  podia esfarelar aquelas lindas pedras, que não passavam de meros cristais.

Comentários

  1. SILVINHA...
    PERFEITO ESSE BLOG,SUA CARA TODO ROMANTICO...
    ESTOU CONTENTE QUE VC ESTEJA SE DEDICANDO A POESIA...
    MUITO LINDO ESTE CONTO CRISTAIS...
    MUITAS SAUDADES...

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  2. Obrigado Renata, este espaço tem muito da história que criamos juntas, com nossa turma nos últimos anos. Valeu a pena. Bjs

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